3 de mai. de 2010

foto: Márcio Jorge


COMPOSIÇÃO

Quero estar
No imaginável limite
Entre o céu e o mar,
Tragando o mistério
E o costume de segui-lo.

Quero sentir
De cada verso escrito
Um devasso mundo contido,
Atravessando o avesso do verso
Em rimas sólidas, sem disfarce!

Enquanto confesso,
Viajo calmamente em cidades caóticas
De fendas profundas e deuses eternos.

Quero querer
De vez em quando o acaso
Abusar do gozo insano
Em plena tarde de outono
Ou em plena tarde qualquer.

É preciso reinventar o sorriso
E comemorar a madrugada vazia
Como são aqueles
Que fazem do seu dia
A promessa de ontem.

Quero colher
Os pedaços que me faltam
Absorvendo o puro reflexo
Mesmo que pareça complexo
Tragar o próprio mistério.

É preciso continuar querendo
Flores de todos os jardins
Espatifando os imundos espinhos
Esses daninhos,
Fel do clã
que se compôs.

Um comentário:

Paixão, M. disse...

"É preciso reinventar o sorriso
E comemorar a madrugada vazia..."

Que lindo isso... É preciso reinventar tudo, sempre... Já dizia Cecília..

Assino embaixo das palavras dos dois.

Boa sorte pra nós na empreitada :)