30 de dez. de 2014

DEZEMBRO

Paul Klee















Foi só pensar no caminho
Na correnteza que me traz de volta
Fez-se o silêncio solitário
Em cada sopro que abre as rosas.

Um corpo em desalinho
Sobre as águas que dobram as esquinas
Em ondas de íntimo temor
No conto final de dezembro.

Entre rochas e labaredas
Uma fronteira então aparece
E a ponta de estrela invisível perfura o peito
Ou quem sabe apenas uma palavra perdida,

Medo ou acalanto?


27 de fev. de 2014

PARA FALAR DO TEMPO
 
foto: Márcio Jorge









Versejo sobre o tempo
Toda angustia de não o ter em domínio completo 
Serão teus os meus passos?

Lembro de repente,
Do segundo que falta
Para beber a última gota de vinho
É agora!
É pra já!

Sem pausa, rumo para a última página
Mesmo que o pretérito seja imperfeito!

Versejo sobre o gesto de versejar
Sobre o tempo...

Aquele que se vê passar pela janela
É também o que compõe a canção
No conta-gotas dos dias,
Na espera da estação,
No lado de lá da fronteira,
Na morte e apogeu da paixão

Tempo, tempo, tempo!
Esparramado, perdido, achado, espremido,
mal cuidado, intrometido, pouco, inventado, dividido,
transformado, muito, interativo!

É possível que me leves assim?
Sem ao menos o teu plano de fuga conhecer?
Mas como diz um velho amigo irmão:
“Temos todo tempo do mundo” 
Será cara?
Acho que não!

                                                                                    poema dedicado a Uber Alves
                                                              (depois de um papo filosófico sobre o tempo)