Envolto em queixa
Não fui hoje o trigo,
Nem o joio
Não fui o acinte,
Nem a ferrugem da manhã sem graça
Lá fora, parece escuro
TUDO!
Aqui, ainda vaga o vagalume!
Luz pouca,
Tempo vasto
E o soluço constante!
ESTRADO
Emil Nolde
Quem dera,
Fosse verdade a quimera!
A ruga que franze a testa,
esmoreceria breve.
No estrado erguido pelo descontento
Segue a vida mal servida
Caminho de chuvas e ventos
Desfazendo a longa marcha
do pensamento.
No estrado erguido pelo descontento
Segue a vida dividida
E o tempo tirano a perseguir
No corpo a corpo dos dias
O amor resistente,
Que resiste,
em fortaleza.
Quem dera,
Fosse verdade a quimera!
Nada desbotaria o lúdico
E o tempo tirano
Não resgataria o medo
de um final verecundo.
OS BARCOS
Na sóbria manhã que nasce
Oscilam as pálpebras alertas...
Os barcos,
Dentro dos meus olhos de náufrago
Também oscilam,
no espelho de águas infinitas.
A esmo conduzo o meu corpo
Ao porto clemente:
Oh, navegantes barcos perdidos!
Deslizam pelo mar revolto
Esgotando minha sede oscilante,
Como pálpebras,
Oscilante,
Como os barcos!