28 de mai. de 2008

Na Ponta da Língua

ÍNFIMA ODE AO POETA ESSENCIAL
para Manoel de Barros
Mergulho profundo no raso do fundo
No fundo, no fundo
As insignificâncias levantadas aqui,
Não estão no fundo.
O canto das cigarras está em algum lugar,

No raso?
No fundo?


A goiaba na beira do rio
Faz voar as mariposas,

O raio do sol nascente
Faz chegar os passarinhos,

A formiga no meio do tronco
Faz a paisagem completa,

A falta de assunto
Faz o poeta acordar de sua inexistência.

Como é bom deitar na rede,
Suspirar de preguiça
Ser a grandeza da poesia ínfima
No fundo, no fundo
Abracemos o mundo!

Márcio Jorge


foto: Márcio Jorge

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