foto arte: Márcio Jorge |
Em novembro de 2014, perdemos o nosso poeta passarinho,
que voou distante para encantar outros reinos. Talvez essa seja a definição perfeita
para um dos mais criativos poetas da língua portuguesa. Manoel de Barros
reconstruiu o sentido da poesia, transformando as insignificâncias em ponte obrigatória
para o longo caminhar da reflexão. Inventor das palavras e dos sentimentos
profundos, ele era capaz de flutuar na sua mais completa desafetação. Aqui mesmo
neste espaço, publiquei um poema em homenagem ao grande escritor
das águas, dos matos, das pedras, dos galhos, dos lagartos e das formiguinhas.
Para expressar a minha enorme gratidão pela sua obra maravilhosa, o Eco das Nuvens compartilha novamente a "Ínfima Ode ao Poeta Essencial". Um beijo
Manoel!!!
ÍNFIMA ODE AO POETA ESSENCIAL
para Manoel de Barros
Mergulho profundo no raso do fundo
No fundo, no fundo
As insignificâncias levantadas aqui,
Não estão no fundo.
O canto das cigarras está em algum lugar,
No raso?
No fundo?
A goiaba na beira do rio
Faz voar as mariposas,
O raio do sol nascente
Faz chegar os passarinhos,
A formiga no meio do tronco
Faz a paisagem completa,
A falta de assunto
Faz o poeta acordar de sua inexistência.
Como é bom deitar na rede,
Suspirar de preguiça
Ser a grandeza da poesia ínfima
No fundo, no fundo
Abracemos o mundo!
"Palavras
Gosto de brincar com elas
Tenho preguiça de ser sério."
Nenhum comentário:
Postar um comentário