25 de abr. de 2022

POEMA CONCEBIDO EM RETRATO DE RIO

                                         para Manoel de Barros (mais uma vez)

 

Manoel se deitava

na beira do rio

e se fazia de peixe também.

Pouco a pouco

curiosas formigas

chegavam para vê-lo

com escamas e nadadeiras

na generosa linha d’água

que se movia pelo leito afora.

Passarinhos afinavam seus cantos

e traziam para o encontro

um repertório de melodias sagradas

besouros e joaninhas

já esperavam pela liturgia.

Debaixo da turva onda do rio

a poesia continuava entrelaçando sonhos

e Manoel nadava tranquilo.

 

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