POEMA CONCEBIDO EM RETRATO DE RIO
                                         para Manoel de Barros (mais uma vez) 
Manoel se deitava 
na beira do rio
e se fazia de peixe também. 
Pouco a pouco
curiosas formigas
chegavam para vê-lo
com escamas e nadadeiras
na generosa linha d’água
que se movia pelo leito afora.
Passarinhos afinavam seus cantos
e traziam para o encontro
um repertório de melodias sagradas 
besouros e joaninhas
já esperavam pela liturgia. 
Debaixo da turva onda do rio
a poesia continuava entrelaçando sonhos
e Manoel nadava tranquilo.