28 de dez. de 2021

 UMA MANHÃ


Acordou cedo

Mas ainda tinha sinais de ontem

O hoje já havia chegado

        e os pensamentos eram antigos

Perguntou-se com aflição:

      - Para que calendário separando os dias?

Tudo parece um dia só,

                       um tempo só,

                                  uma vida só!

Percebeu que não adiantava

     mudar o dia

Sua história não existia sem passado

E tampouco continuaria existindo

Sem escrever as páginas do presente

            (e o futuro, pra que serve mesmo?)

Então, resolveu levantar

      de bate-pronto

Como quem leva um susto

             em plena segunda-feira

Escovou os dentes,

           tomou um banho frio,

    leu cinco poemas da Ana Martins Marques

                  e saiu sem tomar café

A rua era a mesma

        o sol era o mesmo

                 as contas para pagar também

Só o que parecia diferente

Era sua consciência

                 de que nada havia mudado.

 

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