3 de mar. de 2021

DANÇA PARA UM POEMA


O poema sempre se diverte

quando o desperto para dançar

não importa o que dirão as palavras

tampouco se os versos caberão

em alguma canção-passarinho

 

O poema sempre se diverte

porque sabe que irá roubar o momento

arrebatando de primeira

a sedução macia de vento

no balançar constante dos arvoredos

 

Como se pudesse (e pode)

desnudar a alma alheia

dança ao escutar o som de fruta caindo no mato

e da sinfonia de rio passando ao longe

 

Na sua dança infinita 

faz-se vento, fruta, mato e rio

 

O poema sempre se diverte

mesmo que não haja música

 

...

 

Ilustração: Paul Gauguin

 

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