UMA MANHÃ
Acordou cedo
Mas ainda tinha sinais de ontem
O hoje já havia chegado
        e os
pensamentos eram antigos
Perguntou-se com aflição:
      - Para
que calendário separando os dias?
Tudo parece um dia só,
                       um tempo só,
                                  uma
vida só!
Percebeu que não adiantava 
     mudar o dia
Sua história não existia sem passado
E tampouco continuaria existindo 
Sem escrever as páginas do presente
            (e o futuro, pra que serve mesmo?)
Então, resolveu levantar
      de
bate-pronto
Como quem leva um susto
             em plena segunda-feira
Escovou os dentes,
           tomou um banho frio,
    leu cinco
poemas da Ana Martins Marques
               
  e saiu sem tomar café
A rua era a mesma
        o sol
era o mesmo
              
  as contas para pagar também
Só o que parecia diferente
Era sua consciência 
                
de que nada havia mudado. 




