27 de mai. de 2009

Papo de Cinema

PALAVRA (EN)CANTADA

A discussão que surge da estreita relação entre a poesia e a música popular brasileira é o tema principal do documentário Palavra (En)cantada da diretora Helena Solberg, que traz uma bela reflexão literária para as telas de todo país. Os depoimentos surpreendentes de grandes músicos e poetas brasileiros apontam que o universo poético, ao longo do tempo, sempre absorveu a música como veículo capaz de transmitir poesia de qualidade irrefutável para todos, desde os trovadores medievais até os nobres compositores contemporâneos.

No filme, José Miguel Wisnik enfatiza a importância do cancioneiro popular que emergiu nas diversas regiões do Brasil e Chico Buarque comenta a influência parnasiana de Olavo Bilac na obra dos chamados “compositores de morro”, como o genial Cartola. O pernambucano Lirinha mostra como trabalha a poesia de João Cabral de Melo Neto nos shows do grupo Cordel do Fogo Encantado.

O documentário segue com a leveza de Maria Bethânia, que descreve a sensação de interpretar Fernando Pessoa no palco e Adriana Calcanhoto conta, com muito bom humor, o seu relacionamento intempestivo com o saudoso poeta Waly Salomão. Zélia Duncan também fala sobre a emoção sentida quando descobriu os poemas de Hilda Hilst.


Além dos depoimentos, o filme apresenta performances musicais e um resgate de maravilhosas imagens de arquivo, como a encenação de “Morte e Vida Severina” (versão musicada por Chico Buarque) na França em 1966, Dorival Caymmi cantando “O Mar” nos anos 40 e a entrevista de Caetano Veloso no Festival da Record em 1967.

Palavra (En)cantada conta com a participação de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan.



11 de mai. de 2009


FLA-VITA

foto: Márcio Jorge


O olhar que procura o vértice
Avista claridades à frente.

Do caminho a descobrir
Seguem os olhos cheios de verde-mar
Corda presa ao monte
Subida além das tormentas.

De certo,
Fontes de água e flores,
Conchas no chão de areia
E cheiro do fruto benquisto
Na extensa planície de sonhos.

E desse tempo que agora oferece
A fresta certa
Para o feixe irresoluto
Nasce a morte das dores
Ausentes no cantar de amores,
Que atravessa mares e campinas
Ecoando distante
La bella
VITA
Em FLA maior.

poema dedicado à Flavinha.