15 de set. de 2008

foto: Stella Alves

CADA OUTRO

Estou só,
Não acordei a lua de sono profundo
Não tirei estrela alguma para dançar
O que faço nessa noite de solidão,
se não despertar para mim mesmo?


Encosto a cabeça num canto qualquer,
Espero a chegada de outros,
Que há tempos não aparecem
para uma visita infinda
Cada outro que sai deste corpo agora,
já trouxe a chave que preciso
As portas , finalmente, são abertas
Deixo cair o manto num gesto delicado
Tantas possibilidades de ser,
é o que emerge dessa “desclausura”.

Ser nuvem, sol, chuva, o gosto agridoce da vida,
Ser galho, fruto, folha, clorofila
Ser a transparência do amor completo,
o retrato idolatrado pelo tempo
Enfim, transformar?
Ser ninho, ovo, asa,
ser somente PASSARINHO.


Márcio Jorge

Um comentário:

Anônimo disse...

Ai, Márcio, que lindo!
Seu blog é muito gostoso de se ler, bonito, aconchegante...
Suas poesias são maravilhosas!
Beijos,
Amandita.