foto arte: Márcio Jorge |
São 6 horas da manhã
Restos de sonhos permanecem acesos
E você aí sorrindo
Da minha cara atordoada
Por pensar que já terei de levantar outra vez
Hoje não há trabalho, nem corrida matinal,
Nem viagem que precise de tal sacrifício
Hoje só o nada a fazer me espera,
Só o vazio do pensamento fugaz,
Só a missão de encontrar descaminhos,
De amanhecer repleto
Das bagatelas de um poeta.
São 6 horas da manhã
Não quero que as incertezas do medo
Atrapalhem os anseios que tenho
De ganhar o dia cheio de “nadas”
Que meus ouvidos não escutem as tormentas
E que o som da minha voz seja recompensado
Com um belo sorriso de cristal
O silêncio agora se compõe
Como quero que seja daqui por diante
Ou pelo menos nas próximas horas
Não, talvez permita que uma canção desponte
E traga a paz das reminiscências
Que chegará para construir o momento
Ou quem sabe o conforto dos arvoredos.
São 6 horas da manhã
Brinco com a preguiça de viver
De não ter planos para o futuro imediato,
Mas de ter você ainda aqui
Mergulho naquele poço profundo de luz
Que emerge dos sussurros do livro de poemas
Sim, aquele que ainda não terminei de ler
Para não desfazer a sinergia
Preocupação descabida nesta liberdade tamanha
Outros virão como sempre
Para me resgatar do inconcebível mundo real
Por que não falar das fugas?
São 6 horas da manhã
Do dia seguinte aquele que elegi como favorito
Não tenho mais você mirando meu sono
Nem sequer percebi quando levantou
O cheiro do café já vem de longe...
Se desejo prorrogar o minuto
Nem poderei sonhar novamente
Está na hora de voltar.