foto: Márcio Jorge |
SACRAMENTO
“De delicadezas me construo”, dizia Hilda Hilst.
Quando cheguei, veio-me logo esse pensamento
Meus olhos atentos seguiram o farol
E a prata do rio que transbordava
Sobre todo o chão de pedra
Do alto, as luminárias imponentes
Enfeitavam os muros de uma paisagem generosa.
Passando pelos estreitos caminhos de sol,
Tudo parecia tranquilo:
O ruído das casinhas antigas
O cão procurando alimento
O passo agitado do transeunte
O sorriso índigo da criança
A foto tirada com sofrimento
(Pois já era certo que nada iria congelar
aquela sensação de alma repleta).
As horas foram avançando
E o crepúsculo se anunciava devagarinho...
No bater de asa
Chegara o instante de seguir
Ah, vida pouca!
Dulcíssima Colônia,
Onde a claridade do sonho acontece
E nada mais.
(lembranças de Colônia do Sacramento)